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Booroola é uma mutação genética que tem a característica de aumentar a produção de óvulos por ciclo e, com isso, consegue mais do que dobrar a quantidade de carneiros nascidos por parto, aumentando a produtividade do rebanho. Normalmente, uma ovelha tem um cordeiro por parto, mas as ovelhas Booroola conseguem parir até cinco animais. O gene da mutação que provoca a múltipla ovulação pode ter uma ou duas cópias. No caso de ter uma única cópia, a característica de reprodução é aumentada de 100% a 150%, ou seja, a ovelha consegue ter de duas a três ovulações por ciclo, em vez de só uma. Já as ovelhas com duas cópias do gene Booroola têm de quatro a cinco ovulações.
— Usando os animais com essas condições que nós trabalhamos aqui na Região Sul, a gente tem condição de duplicar a quantidade de cordeiro desmamado usando a mesma área pastoril. O performance normal aqui é: para cada 100 ovelhas se desmama 70 cordeiros. Usando animais Booroola, a gente consegue desmamar até 150 cordeiros. As ovelhas portadoras da mutação Booroola não têm nenhuma característica morfológica que as distingua das demais ovelhas. A única diferença é a maior taxa de ovulação nas fêmeas que têm essa mutação. O maior benefício é o aumento da produtividade — explica o médico veterinário Carlos Hoff de Souza, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul.
A metodologia Booroola começou a ser usada há apenas cinco anos no Brasil, mas não é nova. Ela foi importada pela Embrapa nos anos 1970, vinda da Nova Zelândia, e foi avaliada durante muitos anos. Na época da importação, o tipo de criação dos animais da época e algumas limitações fizeram a Embrapa preferir esperar para usar a mutação genética nos rebanhos brasileiros. Hoje, a característica Booroola é muito interessante para os rebanhos comerciais porque a maioria dos produtores de ovelha do País estão voltados para a produção de carne e já há tecnologia suficiente para lidar de forma mais exata com o gene destes animais.
— Neste momento, é importante o uso dessa genética porque a maioria dos rebanhos tem o principal interesse hoje focado na produção de carne e, por consequência, é importante o número de cordeiros nascidos. Outra coisa que mudou muito no Brasil desde que esses animais chegaram é que, em 2001, conseguimos identificar exatamente qual era a mutação genética que conferia essa característica aos animais, ou seja, nós temos como testar qual é o genótipo destes animais através de técnicas moleculares que naquela época nós não conseguíamos. Na década de 1970, nós demorávamos três anos para distinguir o genótipo de um carneiro porque nós precisávamos fazer teste de progênie, hoje, através de uma técnica de PCE, nós conseguimos identificar o genótipo desse animal em três horas e isso facilita muito o manejo e a introdução dessa técnica nos rebanhos comerciais — diz Hoff.
A princípio a mutação Booroola pode ser introduzida em qualquer espécie de carneiro, no entanto ela só é vantajosa se a raça for voltada para a produção de carne. Por isso, a Embrapa Pecuária Sul está aplicando a técnica nas ovelhas Corriedale e Texel, que são as mais criadas para produção de carne na Região Sul.
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